Não foram só as práticas religiosas, os
motivos de divergências entre Protestantes reformistas e Católicos. Os
conflitos políticos entre autoridade da Igreja Católica Romana e os governantes
das monarquias europeias em ascensão acentuaram-se. A Europa dos Estados começa
a ganhar força de uma nova realidade política. Governados por monarquias
absolutistas, estes desejavam para si, além do poder político, o poder
espiritual e ideológico da Igreja e do Papa, muitas vezes para legitimar
o direito divino dos reis.
A cobiça pelo quinhão despendido pelos
crentes, com bulas e indulgências, fizeram com que as teses protestantes
recolhessem o apoio de quase toda a sociedade incluindo a nobreza. Assim, a
burguesia em crescimento, capitalista, sentia-se mais confortável aderindo às
teses protestantes, que não olhavam para a usura como um comportamento ético
condenável ao contrário da Igreja Católica Romana e os mais pobres viam nas teses
protestantes uma nova liberdade espiritual. A Reforma Protestante exorta o
regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo". Segundo Bernard
Cottret, "a reforma cristã, em toda
a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no
Cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo
do que à comunidade", ao invés da pregação romana que defende a
salvação na igreja. Assim, Martinho Lutero, no dia 31 de Outubro de
1517, proferiu três sermões contra a "avareza
e o paganismo" na Igreja romana, condenando as indulgências, a riqueza
ostentatória da igreja católica romana, e foram pregadas as 95 Teses na
porta da Catedral de Wittenberg. Este facto é considerado como o início da
Reforma Protestante.
Após a Reforma Protestante protagonizada
por Martinho Lutero na Alemanha (Luteranismo), Calvino em Genebra (Calvinismo),
Menno Simons em Zurique (Anabistas) e Henrique VIII em Inglaterra
(Anglicanismo), o Papa Paulo III viu-se obrigado a convocar o Concílio de Trento como resposta à
Reforma Protestante que se expandia no território europeu.
Contra a crescente disseminação das ideias
protestantes, nomeadamente no centro e norte da europa, provocando a maior
divisão no seio do cristianismo, a Igreja Católica Romana convocou
o Concílio de Trento, que
resultou no início da Contra-reforma ou Reforma Católica, na
qual os Jesuítas tiveram um papel importante. O Concílio de
Trento, realizado de 1545 a 1563, é conhecido como Concílio da Contra-Reforma. Neste Concílio
tridentino todo um corpo de doutrinas católicas havia sido discutido à luz das
críticas protestantes. Após dezoito anos de trabalho, interrompido várias
vezes, os teólogos elaboraram os decretos que depois foram discutidos pelos
bispos em sessões privadas, tendo sido promulgadas solenemente em sessão
pública em 1562.
O Concílio de Trento não só condenou, como
definiu o pecado original recuperando entre outras medidas o Tribunal do Santo
Ofício (inquisição) e a criação do Index Librorum
Prohibitorum (Lista dos Livros proibidos) com uma
relação de livros proibidos pela igreja. Outras medidas incluíram a reafirmação
da autoridade papal, a manutenção do celibato, a supressão de abusos envolvendo
indulgências e a adopção da Vulgata como tradução oficial da Bíblia.
A Arte, a partir de então, deverá estar sob
controlo da Igreja Católica com directrizes bastante rígidas apelando à compaixão,
ao sofrimento, à dor, à tristeza, à caridade, ao amor por Deus. A arte Barroca
será dominada pelo esmagamento do observador perante a teatralidade e a
imponência dos espaços. O corpo
renascido do belo Clássico dará lugar ao corpo elegíaco do Barroco.
As 95 Teses de Lutero, Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum, 1522. in wikipedia |