Rafael,
Escola de Atenas, 1506-10
fresco, 500x700 cm
Palácio Apostólico, Vaticano
|
A “Escola de Atenas”, cujo nome original Causarum Cognitio (Conhecer as Coisas)
se manteve até ao século XVII, faz parte de um conjunto de quatro pinturas
(frescos): “as quatro faculdades clássicas do espírito humano” – A Verdade, O
Racional, O Bem e O Belo. Os frescos de Rafael, localizados na Sala da
Assinatura outrora destinados à biblioteca privada do Papa Júlio II, assinalam
de uma forma singular o pensamento neoplatónico renascentista.
Numa das paredes o Bem está representado pelas Virtudes Teológicas da Lei e na parede contrária,
por oposição, o Belo revelado por
Apolo e as Musas no monte Parnaso. A Verdade
teológica ilustrada pela "adoração ao Santíssimo Sacramento"
ocupa a parede oposta à Escola de Atenas representando o pensamento Racional. Em suma, a Verdade é
adquirida através da razão cujas personagens centrais, Platão aponta para o céu
enquanto segura o seu livro “Timeo”, caminhando em diálogo com Aristóteles
contendo a “Ética”, personificam os pensadores da Antiguidade Clássica e,
simultaneamente, o tempo de Rafael. Todas as figuras estão dispostas em planos
diferentes ganhando não só o destaque pretendido, como também reforçam a
harmonia e o equilíbrio da composição pictórica. O desenho subjacente às formas,
o realismo anatómico, põe a nu a perícia técnico-formal característica da
pintura renascentista. O recurso ao claro-escuro das roupas reforça a tridimensionalidade
das formas. Assim, Rafael sem recorrer à ilustração socorre-se de figuras
alegóricas, técnica recorrente nos séculos XIV e XV, deambulando-se por
um espaço arquitectónico, numa espécie de trompe
l’oeil, onde destacamos um arco perfeito em toda a sua plenitude abrindo o
espaço para uma perspectiva linear decorada com mais diversos elementos
clássicos; desde as esculturas greco-romanas inseridas em nichos (Apolo à
esquerda e Minerva à direita), a abóbada de berço, uma cúpula ao centro, terminando
num arco de triunfo convocando o olhar para
o infinito. Perante esta composição expansiva, o espectador é convocado a
percorrer demoradamente todo o espaço onde se desenrola a acção. Toda esta
atmosfera é explorada por Rafael submetendo o espaço pictórico às leis do plano
permitindo que as personagens retratadas ganhem um estatuto especial segundo a
iconografia apresentada. Além disso, Rafael fazendo a síntese entre a Verdade e
o pensamento Racional, retrata as celebridades de modo a permitir observar a
explicação: Pitágoras é representado de lado, deixando antever o diatessaron; reclinado nos degraus da
escada, Diógenes sugere a leitura dos antigos filósofos gregos; à sua frente,
Eráclito, o filósofo pessimista; à direita, Euclides ensina geometria enquanto
Zaratustra segura o Globo Celestial e Ptolomeu o Globo Terrestre, junto a estes,
quiçá, o próprio Rafael.
Por tudo isto, a “Escola de Atenas” é considerada uma
obra icónica do renascimento.
Fonte: wikipedia |
Os nomes entre parênteses são de personalidades contemporâneas de quem supostamente Raphael pensou ser fisicamente semelhantes.
1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eléia
2: Epicuro
3: desconhecido (acredita-se ser o próprio Rafael)
4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles
5: Averroes
6:Pitágoras
7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande
8: Antístenes ou Xenofonte
9: Raphael, Fornarina como uma personificação do Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere
10: Ésquines ou Xenofonte
10: Ésquines ou Xenofonte
11: Parménides
12: Sócrates
13: Heráclito (Miguelângelo).
14: Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci).
15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco
16: Diógenes de Sínope
17: Plotino
18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes (Bramante)
19: Estrabão ou Zoroastro (Baldassare Castiglione ou Pietro Bembo).
20: Ptolomeu
R: Apeles (Rafael).
21: Protogenes (Il Sodoma ou Pietro Perugino).