29 de setembro de 2013

Quentin Matsys, O Usurário e sua Esposa, 1514

O Usurário e Sua Esposa, 1514
 

Quentin Matsys (Leuven, 1466 — Antuérpia, 1530)
Pintor Flamengo

Um dos grandes pintores do fim do século XV início do século XVI que se caracterizava por um grande sentimento religioso misturado de um realismo crítico patenteado nas formas grotescas apresentadas. Muitas das suas obras enfatizam a caricatura como forma de crítica exposta na expressão melancólica das figuras, nos gestos brutais dos carrascos ou na actividade usurária dos banqueiros.
O usurário e a sua mulher” não representa somente a actividade económica de um prestamista, ele é também uma sátira religiosa, pondo em confronto os mandamentos da Lei de Deus, que condenava a usura, representada no quadro pela Bíblia que a esposa atentamente folheia, e a bondade do trabalho do marido. As muitas obras de Quentin Matsys retratando as respeitáveis actividades de cambistas, ourives e banqueiros, eram acompanhadas de um sentido crítico que podemos adivinhar num dos seus retratos mais famosos: A Duquesa Feia, quiçá, o quadro mais conhecido do pintor. A improbabilidade deste retrato não ser verdadeiro, digo, corresponder à beleza retratada, é-nos sugerida pelo lado grotesco da pessoa representada que alguns historiadores atribuem a uma caricatura de Margareth, Condessa do Tirol. Será?...
A Duquesa feia, 1525/30


Em epílogo, fazendo um paralelismo com os acontecimentos vividos a arte de Quentin Matsys continua com uma fealdade actual…


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25 de setembro de 2013

Rafael, Escola de Atenas, 1506-10


Rafael, 
Escola de Atenas, 1506-10
fresco, 500x700 cm
Palácio ApostólicoVaticano

A “Escola de Atenas”, cujo nome original Causarum Cognitio (Conhecer as Coisas) se manteve até ao século XVII, faz parte de um conjunto de quatro pinturas (frescos): “as quatro faculdades clássicas do espírito humano” – A Verdade, O Racional, O Bem e O Belo. Os frescos de Rafael, localizados na Sala da Assinatura outrora destinados à biblioteca privada do Papa Júlio II, assinalam de uma forma singular o pensamento neoplatónico renascentista.
Numa das paredes o Bem está representado pelas Virtudes Teológicas da Lei e na parede contrária, por oposição, o Belo revelado por Apolo e as Musas no monte Parnaso. A Verdade teológica ilustrada pela "adoração ao Santíssimo Sacramento" ocupa a parede oposta à Escola de Atenas representando o pensamento Racional. Em suma, a Verdade é adquirida através da razão cujas personagens centrais, Platão aponta para o céu enquanto segura o seu livro “Timeo”, caminhando em diálogo com Aristóteles contendo a “Ética”, personificam os pensadores da Antiguidade Clássica e, simultaneamente, o tempo de Rafael. Todas as figuras estão dispostas em planos diferentes ganhando não só o destaque pretendido, como também reforçam a harmonia e o equilíbrio da composição pictórica. O desenho subjacente às formas, o realismo anatómico, põe a nu a perícia técnico-formal característica da pintura renascentista. O recurso ao claro-escuro das roupas reforça a tridimensionalidade das formas. Assim, Rafael sem recorrer à ilustração socorre-se de figuras alegóricas, técnica recorrente nos séculos XIV e XV, deambulando-se por um espaço arquitectónico, numa espécie de trompe l’oeil, onde destacamos um arco perfeito em toda a sua plenitude abrindo o espaço para uma perspectiva linear decorada com mais diversos elementos clássicos; desde as esculturas greco-romanas inseridas em nichos (Apolo à esquerda e Minerva à direita), a abóbada de berço, uma cúpula ao centro, terminando num arco de triunfo convocando o olhar para o infinito. Perante esta composição expansiva, o espectador é convocado a percorrer demoradamente todo o espaço onde se desenrola a acção. Toda esta atmosfera é explorada por Rafael submetendo o espaço pictórico às leis do plano permitindo que as personagens retratadas ganhem um estatuto especial segundo a iconografia apresentada. Além disso, Rafael fazendo a síntese entre a Verdade e o pensamento Racional, retrata as celebridades de modo a permitir observar a explicação: Pitágoras é representado de lado, deixando antever o diatessaron; reclinado nos degraus da escada, Diógenes sugere a leitura dos antigos filósofos gregos; à sua frente, Eráclito, o filósofo pessimista; à direita, Euclides ensina geometria enquanto Zaratustra segura o Globo Celestial e Ptolomeu o Globo Terrestre, junto a estes, quiçá, o próprio Rafael.

Por tudo isto, a “Escola de Atenas” é considerada uma obra icónica do renascimento.



Fonte: wikipedia

Os nomes entre parênteses são de personalidades contemporâneas de quem supostamente Raphael pensou ser fisicamente semelhantes.

1: Zenão de Cítio ou Zenão de Eléia 
2: Epicuro 
3: desconhecido (acredita-se ser o próprio Rafael)
4: Anicius Manlius Severinus Boethius ou Anaximandro ou Empédocles 
5: Averroes 
6:Pitágoras 
7: Alcibíades ou Alexandre, o Grande 
8: Antístenes ou Xenofonte 
9: Raphael, Fornarina como uma personificação do Amor ou ainda Francesco Maria della Rovere
10: Ésquines ou Xenofonte 
11: Parménides 
12: Sócrates 
13: Heráclito (Miguelângelo). 
14: Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci). 
15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco 
16: Diógenes de Sínope 
17: Plotino 
18: Euclides ou Arquimedes acompanhado de estudantes (Bramante) 
19: Estrabão ou Zoroastro (Baldassare Castiglione ou Pietro Bembo). 
20: Ptolomeu
R: Apeles (Rafael). 
21: Protogenes (Il Sodoma ou Pietro Perugino).

23 de setembro de 2013

Michelangelo, David, 1501-04

Michelangelo, David, 1501-04
Mármore de Carrara
Galleria dell'AccademiaFlorence

22 de setembro de 2013

Lourenço de Medici, O Magnífico (1449-1492)

Anónimo, Lourenço de Medici, O Magnífico (1449-1492)
Pintura a Óleo
Lourenço de Medici, o Magnífico.

Lourenço de Medici, o magnífico, foi um Banqueiro influente que marcou  indubitavelmente o início do Renascimento florentino com o seu mecenato[i] e amor às artes. Neto de Cosimo de Medici, Lourenço foi um dos que melhor representou os ideais do Renascimento italiano. O cognome de “O Magnífico” tem origem não só no seu poder financeiro, mas também por ter sido, na tradição da família Medici, um dos grandes mecenas das artes em geral. Patrocinou escritores, sábios e artistas e foi o impulsor das primeiras obras imprensas italianas.
Os Médicis comandaram uma sólida rede bancária que lhes garantiu domínio económico e poder político. Lourenço e o seu irmão Giuliano exerceram o governo da cidade entre 1453 e 1492. Politicamente, a rivalidade entre famílias banqueiras proeminentes teve o seu epílogo com a conspiração dos Pazzi (1478), banqueiros rivais dos Medici, que contavam com a protecção do pontífice Sisto IV. Os Pazzi, com a cumplicidade do arcebispo de Florença, decidiram assassinar os irmãos governantes na catedral Florentina. Giuliano perdeu a vida no atentado, porém Lourenço conseguiu salvar-se, refugiando-se na sacristia.
Após a tentativa de assassinato Lourenço fez jus ao nome de família, os Medicis, governando Florença como um autocrata esclarecido promovendo o esplendor artístico da cidade de Florença. Para angariar prestígio social o palácio Medici, em Florença, além das festas lendárias, torneios e carnavais, transformou-se num famoso centro de cultura que levou à emancipação das artes e das letras. A sua corte ficou famosa pelos sábios e artistas que acolheu e que foram mantidos às expensas do príncipe: entre muitos exemplos, o humanista Giovanni Pico della Mirandola, o poeta Angelo Poliziano, os pintores Leonardo da Vinci e Sandro Botticelli entre muitos outros. Nos jardins de São Marcos, abriu uma escola de escultura onde o jovem Michelangelo Buonarroti fez a sua aprendizagem.
A associação aos Médici de artistas como Michelangelo e Donatello fez com que a família de banqueiros conquistasse a simpatia e admiração de toda a gente, gerando uma percepção positiva no panorama cultural da Itália dos séculos XV a XVII.





[i] A palavra "mecenas" tem a sua origem na Roma Antiga. No século I a.C., Caio Mecenas foi um conselheiro do imperador romano Octávio Augusto. Caio Mecenas patrocinou a produção de vários artistas e poetas nesta época.

19 de setembro de 2013

"Mãe de Deus" ou "Virgem Maria"

Masolino da Panicale (1383-1447)
Madonna dell'umiltà c. 1423

Há muito que o culto Mariano se institucionalizou entre os católicos. Para ser mais preciso desde o primeiro Concílio de Éfeso onde a “Mãe de Deus”, defendida pelos Nestorianos, passou a ser “Virgem Maria” retirando-lhe o lado humano -mortal. Porém, durante muitos anos (séculos) a Virgem Maria foi representada mais como mãe, e mãe de todos nós, do que de uma santidade se tratasse. O lado humano está presente na dádiva, no aconchego junto ao regaço, no carinho posto no olhar e na gentileza das mãos delicadas protegendo o menino – o filho. Despojada de qualquer bem terreno, Maria cobre a cabeça com um véu ocultando os longos cabelos afastando qualquer olhar concupiscente. Quando olhamos para a “Mãe de Deus” presenciamos as nossas mães…
Em Roma, na catacumba de Priscila, encontra-se uma pintura quase apagada pelo tempo representando a Virgem Maria amamentando o Menino Jesus no colo. Nesta imagem do século II poderemos ver o profeta Balaão a apontar para uma estrela pintada mais no alto da cabeça da mulher. O menino nu apoiado nos braços da mãe poderá ser a primeira representação da Virgem Maria, conhecida.

Partenon - British Museum


18 de setembro de 2013

A Fertilidade e o divino

Vénus de Willendorf, 25.000 a 22.000 a.c.
Ísis amamentando Hórus, Novo Império (egipcio)1570 a 1070 a.c.
Mãe de Deus, ícono do século V, Igreja Santa Maria Nova, Roma
Virgem Maria, Pintura do século XII-XIII, Igreja S. Silvestre Quirinal, Roma

6 de setembro de 2013

Características da pintura renascentista



Século XV
·        Vanguardistas, realistas, interessados pelo estudo da anatomia da perspectiva e do volume.
·        A pintura como um objecto de aprendizagem, reflexão e procura constantes.

Temática
·        Temas laicos (o nu, paisagem, retrato)
·        Temas mitológicos
·        Religiosa cristã (culto mariano)
·        Representação dos doadores junto das imagens
Admiração pela Antiguidade Clássica
·        O belo era o nu e do gosto pela cópia e pela idealização da Natureza
Surgir do individualismo
·        O artista, intelectual consagrado
·        Formação Humanista e científica
·        Aspiração de beleza
·        O conteúdo e a finalidade da Arte era a beleza entendida como representação objectiva da realidade.
·        Regras racionais e soluções científicas para a criação de cânones
·        Mimesis

·        Felicidade de viver